“Poema é quando a poesia pousa na ponta do lápis”, Nicholas Penha de Barros, autor de Poemas da Infância (2023).

O Dia Nacional do Escritor, comemorado em 25 de julho, foi escolhido pelo ex-ministro da Educação e Cultura Pedro Paulo Penido, em 1960, para homenagear escritoras e escritores brasileiros. Por iniciativa da União Brasileira de Escritores (UBE), a homenagem se oficializou durante o I Festival do Escritor Brasileiro, realizado no Rio de Janeiro, RJ.

Para celebrar a data, o blog da Viver Editora convidou o escritor Nicholas Penha de Barros, autor de “Amigos”, “O Grande Plano”, “O Foguete do João” e “Imaginação” pela Casulo Editora. Numa conversa leve e descontraída, Nicholas falou sobre o ato de escrever com arte. Ao ser perguntado sobre o que gostaria de receber de presente, de pronto respondeu: ver o Brasil como um país de leitores.

Nicholas Abraçando livros

No Dia do Autor/Escritor que presente você gostaria de receber?

Nicholas Barros

Um lindo presente seria ter a alegria de saber que o Brasil se torna uma nação leitora. Saber que o direito à literatura está sendo respeitado e praticado. Que o livro tem se tornado acessível, inclusivo e faz parte do desenvolvimento do povo brasileiro, da educação de nossas crianças e está presente em todos os lares.

Fale sobre sua formação acadêmica e atividade profissional.

Nicholas Barros

Sou formado em Turismo, com especialização em eventos, ramo no qual atuo como empresário, sendo sócio- proprietário de um grupo de espaço de eventos chamado Grupo Quintal. Porém, nos últimos anos, tenho dedicado meu tempo a cursos e oficinas na área da literatura e editoração.

Sobra tempo para seus hobbies pessoais?

Nicholas BarrosUm detalhe: meus hobbies estão todos ligados às artes. Em casa, montei uma espécie de estúdio/atelier. É ali que me dedico à prática musical, gravando vídeos de bateria e tocando outros instrumentos.

Nesse espaço, também me dedico à pesquisa sobre a materialidade do livro, através de experimentos em papel, da criação de livros artesanais e de poemas-objetos.

A “alma de artista” abre espaço para a família?

Sim. A maior parte do meu tempo é dedicada aos meus filhos, 23 e 9 anos. O mais novo é responsável por me fazer passar longas horas praticando trabalhos artísticos manuais, nas tantas invenções que criamos juntos. Cola, papel, papelão e tinta é tudo que precisamos.

Nicholas na Bíblioteca Pessoal

“Poema é quando a poesia pousa na ponta do lápis”. O que essa frase representa para você?

Nicholas Barros

A poesia se manifesta de tantas formas, está sempre ao nosso redor. Seja em um encontro entre estranhos, na correria das cidades, na natureza, nos mais variados gestos humanos, no balbuciar de um bebê, no perfume de um café sendo coado.
No entanto, quando essa poesia se materializa em palavras, ela se eterniza.

Como é seu dia a dia como autor/escritor?

Nicholas Barros

Em meio à rotina e à agitação diária, procuro sempre estar atento aos meus instintos, impulsos e, principalmente, ao meu olhar poético. Isso porque muitas vezes encontro a poesia por aí, vida afora, enquanto transito entre meus compromissos externos.

Então, tenho que de alguma forma trazê-la comigo, capturá-la, e não deixar que ela se desprenda até que eu tenha condições de parar para transformá-la em um poema.

Nicholas 
com artefatos-livros

Onde entra a sensibilidade da alma?

Nicholas Barros

É interessante que a maior parte dos meus poemas nascem de matérias-primas existentes em mim mesmo. São as lembranças e memórias os meus principais objetos de observação. Fragmentos do que vivi são insumos da minha poesia, sejam vivências já distantes no tempo ou experiências recém-experimentadas.

O que vem primeiro: a poesia ou o poema?

Nicholas Barros

Sem dúvida, a poesia. No meu processo de escrita, primeiro surge um gatilho poético. Pode ser uma certa atmosfera, a luz específica do dia (agora, por exemplo, enquanto escrevo a você, o dia nublado já me fez visitar umas três memórias distintas), uma textura que desperte algo em mim, um cheiro… uma saudade.

O poema brota de um processo imersivo?

Nicholas Barros

Sim. É mergulhado nesses aspectos que se faz o poema. Muitas vezes, ele nasce de um cantarolar, um sussurrar melódico que vai ganhando ritmo e, aos poucos, se tornando nítido a ponto de revelar as palavras.

A partir daí, é um trabalho de lapidação dos versos, buscando as melhores palavras para o poema e a música que ele carrega.

Capa do livro
Poemas da Infância

Como nasceu seu último livro: “Poemas da Infância”?

Nicholas Barros

Escrevo poemas há bastante tempo, e isso resultou em uma obra de volume considerável. O desejo de produzir um livro de poemas já me acompanha há muito tempo. Gosto de ler poesia, consumo esse gênero literário, e isso me inspira no sentido de produzir um livro.

O que fez você adicionar imagem ao seu texto?

Nicholas Barros

Sempre soube que minha poesia é bastante imagética, relacionada às imagens que as palavras evocam, e sempre soube que as imagens tinham que estar junto com meus textos, caso contrário não faria sentido para mim publicar apenas o texto. Minha poesia se faz de texto e imagem, e, uma vez ganhando a coragem necessária, entendi que o momento de eu criar o livro havia chegado.

Quais são as prioridades entre a ideia, as imagens e o texto?

Nicholas Barros

No caso do livro, “Poemas da Infância”, a ideia teve que vir primeiro, pois todos os poemas já estavam prontos, assim as imagens já existiam em minha mente. A questão era: como compilá-los? Qual seria a seleção escolhida? Haveria um tema guiando essa seleção? Surgiram muitas perguntas nessa fase de compilação e escolha.

Após responder às questões iniciais, chegou o momento de iniciar a produzir as imagens (que já existiam na minha mente) para completar cada um dos poemas escolhidos.

A partir daí, surgem questões editoriais que compõem a obra e também possuem grande importância artística e estética.

Quais são suas produções?

Nicholas Barros

O ano de 2023 tem sido um ano muito especial quanto às minhas publicações. Pela Casulo Editora, são quatro os lançamentos deste ano: “Amigos”, “O Grande Plano”, “O Foguete do João” e “Imaginação”. Em dois desses livros, “O Grande Plano” e “Amigos”, tive a felicidade de ser autor e ilustrador, o que foi uma experiência libertadora e transformadora em minha relação com a produção de livros, pois, após essas experiências, encontrei a coragem para desenvolver meu último livro, publicado de maneira completamente independente, o “Poemas da Infância”.

Nicholas
Em pose livre com livros publicados

Para ser um escritor, é preciso ser antes um bom leitor?

Nicholas Barros

Sempre ouvi dizer que sim. Não leio tanto quanto gostaria de ler, mas me esforço para buscar o máximo das obras que me interessam. Talvez, se eu conseguir ler com mais frequência e buscar cada vez mais obras com qualidade, eu consiga me tornar um bom escritor.

No Dia do Escritor você recomenda a poesia como alimento da alma?

Nicholas Barros

Recomendo poesia sempre. Infelizmente, a poesia é um gênero bastante negligenciado. Apesar de eu ser testemunha do enorme esforço de muitos professores engajados em promover o encontro entre os alunos e a poesia, o volume de pessoas que conservam o hábito de leitura de poemas é muito pequeno para a dimensão da população brasileira. Desejo muito poder assistir esse quadro mudar e gosto de pensar que, como uma formiga-carpinteiro, sou parte de um trabalho que deve ser feito com insistência e continuidade, se quisermos mudar essa realidade.

Ao nos envolvermos com a poesia, somos convidados a contemplar o mundo por uma nova perspectiva, descobrindo a magia nas sutilezas, encontrando beleza nas contradições e compreendendo de maneira mais profunda as experiências humanas compartilhadas.

Através dela, podemos explorar as profundezas da tristeza e da alegria, do amor e da perda, da esperança e da desilusão, tudo isso em uma única inspiração. Qual manifestação da expressão humana poderia nutrir minha alma de maneira mais profunda?

 

Serviço:

 

Jael Eneas
Viver Editora
Assessoria de Comunicação

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