POR JAEL ENEAS

Não se ensina a viver sem reflexão, diálogo e histórias de pessoas que venceram obstáculos e transpuseram montanhas.

 

O psicólogo Eduardo Araújo é professor universitário e especialista em Psicologia da Educação, Neuropsicologia e Saúde Mental. Atualmente integra o Núcleo de Cognição Social da UNIFESP, onde finaliza o mestrado no Programa de Saúde e Educação na Infância e Adolescência.

Ao desenvolver pesquisas e projetos de extensão com alunos da rede pública na região sul da capital paulista, com foco na cognição social e no desenvolvimento do projeto de vida, Eduardo Araújo concede a entrevista ao blog da Editora Viver. No sul do Maranhão, ele atuou na área da saúde apoiando pessoas em extrema vulnerabilidade e situação de rua.

 

 1. Por que um livro com histórias reais de pessoas inspiradoras?

Eduardo Araújo: Por muito tempo temos debatido se os adolescentes são ou não mais influenciáveis que os adultos. De fato, eles realmente são. Mas geralmente não exploramos essa etapa da vida.

2. Aproveitar o momento é importante?

Eduardo Araújo: Sim, claro. Nessa fase, muitos adolescentes se mostram desengajados frente ao seu projeto de vida. Não acreditam que podem superar obstáculos. Por isso, debater sobre histórias reais abre novos horizontes. É sair do campo teórico e olhar para si mesmo com mais confiança.

3. Qual é o papel do professor numa classe de “terceirão” (3º ano do Ensino Médio)?

Eduardo Araújo: Nesse contexto, o professor se torna a figura que inspira os alunos. Primeiro pela capacidade de criar vínculos de qualidade. Depois, pela competência e comprometimento de influenciar a carreira desses alunos. O professor se torna uma ponte ao conectar sua matéria com novas possibilidades. É ele quem ajuda os alunos a serem criativos e autônomos no alcance de desafios cada vez mais ricos.

papel do professor

4. É importante falar dos dilemas existenciais?

Eduardo Araújo: Isso é essencial. Embora os diálogos do século passado fossem bem mais cheios de tabus, hoje a nova sociedade aprendeu a mascarar. A pressa para ser alguém, de ter conquistas imediatas, produz famílias ansiosas e transforma jovens em pessoas exaustas de tudo.

5. Mesmo em tempos apressados vale o diálogo?

Eduardo Araújo: Falar sobre os dilemas da vida é levantar um grande espelho para que os alunos reflitam sobre saúde, justiça, educação e cidades. Acredito que trazer reflexões sobre os grandes dilemas da vida torna a escola num lugar relevante. O sentido da vida passa pela reflexão. Todos nós precisamos de uma causa, de uma bandeira e de um sentido.

6. Por que a família deve ser envolvida nesta jornada?

Eduardo Araújo: As famílias precisam ver os filhos para além de suas carreiras. Isso porque um projeto de vida ultrapassa os limites de uma profissão. Por isso, dialogar com os filhos e acompanhá-los é uma forma de ajudá-los a superarem frustrações e a enfrentarem etapas desafiadoras da vida.

familia e filhos

7. Responsabilidade individual e coletiva entram no diálogo?

Eduardo Araújo: Sim! No livro apresento estes pontos de forma incisiva. Entendo que um projeto de vida que não valoriza a responsabilidade social é frágil. Quanto mais se dispõe a compartilhar, mais se fortalece o coletivo. Isto só é possível quando existe respeito às diferenças e se exerce a alteridade.

8. Deixe suas palavras finais.

Eduardo Araújo: Somos fascinados por pessoas que superam barreiras. Por isso, a “missão invisível” é nosso maior compromisso: ajudar as novas gerações a ter mais confiança em si próprias e no mundo. Precisamos de novas lentes que nos ajudem a ver o quanto somos incríveis para superar obstáculos.

 

 

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