“A educação é a única saída para a barbárie. Mesmo em uma época complicada como agora, se não fosse a educação, estaríamos na selvageria completa.”

Assim começa a entrevista com a educadora Josefa Gomes de Farias, no dia 28 de abril, efeméride que lembra o Dia da Educação. A data foi escolhida no término do Fórum Mundial de Educação realizado em Dakar, Senegal, no ano de 2000.

Neste fórum firmou-se o compromisso com 164 países de levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens do mundo com metas estabelecidas até 2030.

Ao entrevistar a educadora Josefa Gomes de Farias, da Amplia Faculdade, o blog da Viver Editora conversa sobre a educação como caminho da transformação plural do aluno, família e sociedade.

Josefa Farias é doutora em Linguística pela UNICAMP e mestra em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Ela é coordenadora de projetos da Foreducation EdTech, Google Partner no Brasil e presta consultoria em Educação Personalizada. Foi, ainda, professora nos cursos presenciais e EAD de Letras, Pedagogia e Publicidade e Propaganda da Universidade Anhembi Morumbi. Além disso, trabalhou como Especialista em Ensino Aprendizagem no INSPER e coordenou o curso de Gestão Estratégica em EAD do SENAC/SP.

Josefa Gomes de Faria

1. No atual contexto tecnológico, pode-se celebrar o Dia da Educação?

Josefa Farias

Com certeza temos o que celebrar, pois a educação é a única saída para a barbárie. Mesmo em uma época complicada como agora, se não fosse a educação, estaríamos na selvageria completa.

2. Quais são as novas tendências na Educação a Distância (EAD)?

Josefa Farias

Creio que depois do aumento da oferta dos cursos de EAD massificados, a tendência agora é a criação de espaços diferenciados de qualidade, tanto na produção de conteúdo quanto nas formas de interação.

Este será o diferencial daqui para frente: produtos ofertados em grande escala de um lado e, do outro, instituições que ofertem ensino de qualidade EAD, garantindo a aprendizagem dos alunos com um desenho moderno e sustentado em dados e informações do processo.

O uso da IA, por exemplo, vai ser feito para tarefas mais mecânicas ou para o desenvolvimento de habilidades mais básicas, deixando mais tempo para interações mais elaboradas para os professores e tutores.

Sala de aula e smartphones

3. A tecnologia pode empoderar a educação em seu papel de transformar a sociedade?

Josefa Farias

Acredito que sim, mas antes é urgente que haja a inclusão digital de pessoas que usam a internet sem o conhecimento do processo todo, transformando-as em cidadãos digitais.

4. A Educação a Distância abre espaço para inclusão social?

Josefa Farias

Muito. Se temos cerca de 90% dos lares no Brasil com acesso à internet, esse será o caminho para a democratização da educação e inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho especializado.
Porém, é preciso que os cursos a serem ofertados sejam de qualidade, para que a aprendizagem aconteça de verdade, e não apenas aumente em quantidade sem qualidade.
Segundo dados do INEP, 6,2% dos cursos presenciais obtiveram nota 5 no último Enade, contra apenas 2,3 dos cursos EAD. Esses dados comprovam o esperado: não adianta uma oferta grande de cursos, mesmo a preços acessíveis, sem a garantia de aprendizado.

5. Por que o design instrucional é importante em uma plataforma EAD?

Josefa Farias

Para que as salas de aula virtuais facilitem a aprendizagem, não somente dando acesso aos materiais.

Na verdade, o “design” deve ser dinâmico e criar o sentimento de pertencimento, tanto para os alunos que desejam um contato mais próximo com os mediadores, sobretudo para aqueles que querem estudar sozinhos e buscar ajuda apenas quando necessário.

Jovens em ambiente digital

6. Quais são as perspectivas para o ensino híbrido?

Josefa Farias

Acredito que cada vez mais os estudantes perceberão que as atividades presenciais servirão para o desenvolvimento de habilidades mais complexas, como a análise crítica e a aplicação de conhecimento e criação, em que a presença do professor é mais necessária, enquanto as atividades remotas serão usadas para o desenvolvimento de habilidades menos complexas, como a compreensão de conceitos.

Creio que já seja uma tendência dos cursos superiores terem um desenho com parte de uma mesma disciplina ofertada remotamente e a parte prática presencialmente.
Mas isso precisa estar no desenho das disciplinas, na sua construção desde o início, e não como uma forma de redução de custos, como salário de professores, por exemplo.

7. Como enfrentar o desafio do engajamento digital na educação?

Josefa Farias

Acho que uma forma de engajar é a apresentação de um projeto de aprendizagem que aproxime a teoria da prática no exercício da profissão, de forma transparente, usando os recursos não do marketing digital, mas da mediação eficiente.

O estudante precisa reconhecer que a instituição em que estuda tem um projeto de educação de qualidade e que todo o desenho da experiência é feito para que ele aprenda.

Para isso, o processo de avaliação deve trazer dados que apontem para o progresso no caminho percorrido, mostrando o que o estudante aprendeu e como fazer para alcançar o que falta no processo.

Sala de aula com ambiente digital

8. Deixe suas palavras de motivação.

Josefa Farias

A educação é a única forma de transformação e de humanização da sociedade. Por isso, é preciso encontrar uma instituição de ensino que acredite no ensinar para a vida, que invista em qualidade em todas as etapas do processo, desde o ingresso até o encaminhamento para a vida profissional, pois não basta oferecer oportunidade para um diploma, é preciso apresentar formas de uso para a vida.

 

Jael Eneas
Viver Editora
Assessoria de Comunicação

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