“O cérebro humano foi desenhado para interações sociais, cara a cara, no diálogo efetivo em uma relação de empatia no qual necessita sentir a presença de outra pessoa […]”, Daniel Goleman, psicólogo, escritor e pesquisador das ciências comportamentais.

Ninguém sobrevive sem diálogo. Estudos recentes colocam o diálogo como arquitetura necessária, de gênese interativa, onde a expressão, a escuta e a indagação na busca pelo esclarecimento são compartilhadas. Isso visa a um pensar e um refletir em conjunto (ISAACS, 1999 apud ALMEIDA) .

No contexto escolar, marcado por múltiplas interações, o diálogo torna-se imprescindível. A dissertação de mestrado “Mediação de Conflitos – A Caixa de Ferramentas em Mediação: objetivos, operacionalização e impactos esperados; articulações e aportes teóricos”, apresentada por Tânia Almeida, destaca o diálogo como um processo.

Ao esquematizar o diálogo por suas qualidades, finalidades e princípios, a autora fundamenta a pesquisa em marcos teóricos de Paul Watzlawick (1921-2007) com a “Pragmática da Comunicação Humana”; os filósofos Jürgen Habermas (1929) com a “Teoria da Ação Comunicativa”; Michel Foucault (1926-1984) com “A Ordem do Discurso”; William Isaacs (1955) com “Diálogo e a Arte de Pensar Juntos”, entre outros. Esses teóricos trazem reflexões sobre o diálogo como processo construtivo.

dialogo

Diálogos e Debates são coisas diferentes

Ao pontuar sobre a relevância do diálogo, Almeida (2011) observa que estudos contemporâneos vêm demonstrando que diálogos produtivos “são aqueles que privilegiam a escuta à contra-argumentação, a construção de consenso ao debate, o entendimento à disputa”. A pesquisadora ainda destaca a diferença entre debates e diálogos produtivos.

Nos diálogos produtivos, trata-se bem o outro e trata-se com severidade e seriedade as questões; neles, pontos de vista são oferecidos ou complementados. Nas discordâncias, sem que o interlocutor seja desqualificado, outros pontos de vista são apresentados e validados pela diferença que aportam, não competindo com a ideia anteriormente oferecida.

Nos debates, trata-se mal o outro e relega-se a segundo plano as questões. Neles, é preciso atacar o outro, seus feitos e suas ideias mais do que atacar as questões, mesmo quando as questões são o objeto de interesse e o pretexto para a conversa. Nos debates, derrubam-se, eliminam-se e desqualificam-se pontos de vista. E com eles, seus autores.

Segue quadro que demarca distinções entre o diálogo e o debate:

tabela

 

ALMEIDA, Tânia. Revista Nova Perspectiva Sistêmica, Mediação de Conflitos – A Caixa de Ferramentas em Mediação: objetivos, operacionalização e impactos esperados; articulações e aportes teóricos. v. 20, n.40, p. 68-82, 2011.
GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. Novas Perspectivas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, 120 p.
ISAACS, William. Dialogue and the Art of Thinking Together. New York: Currency, 1999.

 

Jael Eneas
Viver Editora
Assessoria de Comunicação

 

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