POR JAEL ENEAS
Saiba que na relação espiritualidade e religiosidade o maior conhecimento é saber apropriar-se da ciência da vida.

De acordo com Giovanetti (apud Pinto, 2009: 68-83, in Revista de Estudos da Religião, PUC-SP)[1], o termo “religiosidade” se dá na “relação do ser humano com um ser transcendente”, ao passo que o termo “espiritualidade” “não implica nenhuma ligação com uma realidade superior”. Para esse autor, a espiritualidade significa a possibilidade de uma pessoa mergulhar em si mesma.

Como parte dos “Oito Remédios”, o blog da VIVER Editora conversa com o mestre em Ciência da Religião, pela UMESP-SP, Antonio Braga de Moura Filho. Especializado em Terapia Familiar Sistêmica (CAIF 2002), o Professor Braguinha, como é conhecido, é autor de “Uma Cana Rachada” e “Ameaça dos Carangueiros”, entre outros livros, além de palestrante no Brasil e no exterior sobre o tema da espiritualidade.

VIVER Editora
O que é viver bem?


Professor Braguinha
Isso é mais do que um simples chavão. Viver bem pode ser entendido como uma vida em que o indivíduo se percebe como alguém adequado ao mundo, que sente o pulsar da vida dentro e ao redor de si.

VIVER Editora
Isso traz alegria?


Professor Braguinha
Essa percepção apurada torna a existência uma experiência gratificante, seja em tempos de grande bonança ou de severas dificuldades. Eu diria que viver bem é uma arte a ser desenvolvida no decorrer do tempo. Sou um aprendiz dessa arte!

VIVER Editora
Sucesso acadêmico se conecta com a espiritualidade?

Professor Braguinha
Penso que é uma excelente oportunidade, pois, à medida que adquirimos conhecimento em diferentes áreas, é expandido também o famoso círculo da ignorância, onde, quanto mais aumentamos a área do que sabemos, cresce também a área do que não sabemos.

VIVER Editora
Nossa, que maneira interessante de pensar…

Professor Braguinha
É um processo incrível, pois nos convida à humildade. Se nunca sabemos tudo e reconhecemos isso, então podemos experimentar o que chamo de uma espiritualidade saudável, manifestada no respeito ao Transcendente e na vivência agregadora com o próximo – o vertical, numa relação com o Eterno, e o horizontal, na relação com o próximo. É uma experiência fantástica!

VIVER Editora
Você concorda que a “pessoa que mergulha em si mesma” tem melhor qualidade de vida?

Professor Braguinha
Eu diria que a possibilidade é grande. À medida que aprofundo o conhecimento de mim mesmo, posso gerar uma percepção existencial profunda, encontrando o meu lugar no mundo e vivendo nele de forma adequada.

Por outro lado, posso enxergar um abismo de carências nesse mundo interno e existir de forma desesperada e desesperançada. São opções em aberto, e parte significativa das pessoas caminha pela segunda opção. A vida, claro, nos convida insistentemente para essa incrível viagem de autodescobertas, para que o caminhar pelo mundo seja uma experiência abençoada.

VIVER Editora
Permitir que a espiritualidade se expresse é uma questão de escolha pessoal?

 

Professor Braguinha
Sempre! As opções estão postas à mesa e, pelas características pessoais, cada um vai fazendo as escolhas definidoras do seu estilo de vida. É por isso que, à medida que envelhecemos, podemos ser pessoas melhores, mais conectadas, mais compassivas, mais sensatas.

Mas, quando não entendemos essa “ciência da vida”, nos tornamos mais amargos e infelizes. Gosto de relembrar que “a vida quer viver!”. Sou um apaixonado pela vida.

 

VIVER Editora
Que dicas você teria para quem faz pós-graduação e deseja “estar bem com a vida”?

Professor Braguinha
Ah! Que você tenha um coração de aprendiz e perceba nos pequenos detalhes do cotidiano o milagre da vida, espalhado por cenas que acontecem ao nosso redor o tempo todo. A percepção apurada pode tornar o caminhar no mundo algo sempre renovador. É assim que fazemos as pazes com a vida!

Somos um time de educadores que valoriza seu esforço pessoal na trajetória da qualificação profissional.

[1] https://www.pucsp.br/rever/rv4_2009/t_brito.pdf

 

 

 

 

 

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